RIVAR Vol. 4, N° 11. Mayo 2017 pp. 214-216.
Reseña
António Barros Cardoso*
*Universidade do Porto, FLUP - Faculdade de Letras Presidente da APHVIN/ GEHVID (Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho)
VV.AA. Vinho Verde. História e Patrimônio - History and Heritage. Porto: APHVIN/GEHVID - Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho, 2015.
ISBN 978-972-588-234-4
A importância do “Vinho Verde” enquanto recurso económico nacional e a sua valorização como patrimônio histórico-cultural levaram a APHVIN/GEHVID - Associação Portuguesa de História da Vinha e do Vinho, a encabeçar o projeto editorial Vinho Verde. História e Patrimônio - History and Heritage.
A continuação, apresentaremos brevemente os conteúdos da Revista.
O primeiro número desta revista científica abre com reflexões sobre a presença monástica na região dos Vinhos Verdes na Idade Média - Mosteiro de Paço de Sousa - Penafiel,1 Mosteiro de Alcobaça,2 presença dos beneditinos3 na região e, de forma mais específica, no mosteiro de Terras do Bouro.4
Viana do Castelo é mostrada como porta de saída para o mundo dos Vinhos Verdes de toda a Ribeira Lima, de Monção e de Melgaço.3 4 5 O significado vitivinícola do Vale do Lima, lê-se na notícia sobre as tabernas de Ponte de Lima (séc. XVIII),6 ou no afã produtivo e dos lavradores de Ponte da Barca.7 O vinho, fonte importante de rendimento é muito referenciado nas Memórias Paroquiais (1758) aqui usadas para leitura da paisagem agrária de Ponte de Lima.8
Fontes literárias mostram a relação entre o vinho e poder, em Cabeceiras de Basto, no século XVII, refletida noa atos eleitorais.9 Ademais, a crise política portuguesa de 18331836, refletiu-se na evolução do preço dos produtos alimentares e de, entre eles, o do vinho vendido na cidade do Porto.10 O mesmo especto está patente num estudo sobre produções do Alto Minho entre 1835 a 1883.11
Vinhos Verdes, brancos e tintos, também se produziram no Douro, desde a Idade Média.12 Publicou-se uma lagareta e de várias peças rudimentares, encontradas na freguesia de Fornelos - Ponte de Lima.13
O Paço de Calheiros serviu de base a uma reflexão, exemplo modelar para outros casos sobre manutenção sucessória de patrimônios vitivinícolas de valor histórico.14 No âmbito da sociologia, observaram-se motivações, estratégias e comportamentos sociais no Minho do séc. XX.15 Falou-se da taberna, enquanto espaço de sociabilidade - Porto e Gaia.16
Nos artigos de matriz analítica sociológica, saiu uma comparação entre o que se partilha no Dão, no Douro e no Minho, em torno do consumo de “um copo de vinho”.17
Escritos de índole mais técnica, citamos um estudo sobre um projeto de salvaguarda de castas da Toscana, Itália,18 e outro sobre as castas identitárias da região dos Vinhos Verdes.19 Experiências de implantar a vinha no território dos Vinhos Verdes para potenciar produções, reduzir custos e não afetar o meio ambiente.20
Um enólogo falou das razões da predominância dos vinhos tintos na Região durante séculos;21 assim mesmo, enoturismo não esteve ausente das páginas do primeiro número da revista Vinho Verde22 Realçou-se a importância comercial dos Vinhos Verdes por serem frescos, gaseificados, apresentarem baixo teor alcoólico e calórico.23
A Grounded Theory, foi abordada, aplicada numa tese de doutoramento, defendida na Universidade de Santiago de Compostela, sob o título “Refuncionalizando a Casa Solarenga”.24
Notas
1 Lopes, Filipa da Silva. “A vinha e o vinho no contexto monástico: o caso de Paço de Sousa nos séculos XI e
2 Maduro, Valério. “As Artes e as Técnicas na produção dos vinhos cistercienses de Alcobaça, uma abordagem em torno do inquérito agrícola da Real Academia de Ciências de Lisboa de 1787”, pp. 38-44.
3 Marques, Gonçalo Maia. “O contributo dos monges negros beneditinos na qualificação do Vinho Verde”, pp. 57-62.
4 Mota, Salvador Magalhães. “As Rendas em Vinho no Mosteiro de Sta. Maria de Bouro (Amares) 16551775: Observações e comportamentos)”, pp. 155-165.
5 Cardoso, Antônio Barros “Os Vinhos Verdes e a Barra de Viana do Lima Verdes de Viana de a par do Lima, (Séc. XVIII)”, pp. 23-35.
6 Araújo, Jorge F. Pereira. “Vendeiras e Estalajadeiras: as mulheres do vinho em Ponte de Lima no início do século XVIII”, pp. 75-80.
7 Marques, Marta Miranda. “Pão e vinho nas Memórias Paroquiais de Ponte da Barca”, pp. 81-94.
8 Silva, Francisco Ribeiro da . “Vinha, paisagem e economia do concelho de Ponte de Lima”, pp. 103-110.
9 Tavares, Pedro Vilas Boas. “Vinho e eleições em Basto. Vicissitudes de um binómio (do Antigo Regime ao liberalismo)”, pp. 95-104.
10 Oliveira, José António. “O preço do vinho e doutros produtos alimentares durante o Cerco do Porto (18321833)”, pp. 141-154.
11 Rodrigues, Henrique. “Produção agrícola Oitocentista em terras de Vinho Verde”, pp. 111-140.
12 Guimarães, J. A. Gonçalves, Almeida, Graça. “A comercialização de Vinho Verde por empresas de Vinho do Porto: o caso da Casa Ramos Pinto”, pp. 63-74.
13 Reis, António Matos. “Uma lagareta ao ar livre, ainda em uso no século XIX”, pp. 169-174.
14 Araújo, Henrique Luís Gomes de, Menezes, Francisco Calheiros. “Alianças e Estratégias de Gestão e de Sucessão em Empresas Familiares Vitivinícolas: O Caso do Paço de Calheiros”, pp. 175-183.
15 Cardoso, António. “Da policultura à pluriactividade: recursos e desenvolvimento rural numa aldeia minifundiária do Minho (1960-2011)”, pp. 187-202.
16 Magalhães, Dulce M. “Tabernas, vinhos e convívios - partilhas sociabilitárias em contextos semipúblicos portuenses”, pp. 203-215.
17 Simões, José Marques apresenta O papel do vinho (verde) na construção do “todo social” das populações entre o Douro e Minho”, pp. 217-224.
18 Scalabrelli, Giancarlo; D’Onofrio, Cláudio; Fausto, Claudia; Ducci, Elianora. “Exploitation the local grapevine germplasm as na opportunity for the future viticulture”, pp. 227-240.
19 Mota, Maria Teresa da Fonseca Oliveira. “Contributo sobre a origem de alguns nomes de castas da DOC Vinho Verde”, pp. 241-247.
20 Castro, Rogério de; Cruz, Amândio; Rodrigues, Carlos; Correia, Jorge; Costa, Ricardo; Guerreriro, Miguel; Castro, Joana. “Alternativas de plantação da vinha na Região Vinhos Verdes: tubos protectores, agrobiofilm ou solo nu” pp. 249-255.
21 Lourerio, Vergílio. “A cor do vinho no Entre-Douro-e-Minho”, pp. 257-281.
22 Leite, Márcio Guimarães; Araújo, Domira Fernandes de. “O potencial do Enoturismo - Turismo do Vinho no desenvolvimento local - Vale do São Francisco Bahia/ Pernambuco, Brasil”, pp. 257-281.
23 Damásio, Manuel Castro. “A Região do Vinho Verde, os Solares, as Quintas e o Turismo no Espaço Rural”, pp. 291-300.
24 Braga, José Luís; Scott, Helena. “Turismo de Habitação: uma teoria fundamentada”, pp. 285-290.
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